quarta-feira, 6 de maio de 2015

para pensar

Posted: 04 May 2015 11:00 PM PDT
Escrevo muitas vezes sobre aquelas situações em que somos mais ríspidos e agressivos com os miúdos. Mas depois há aquelas situações em que temos muita dificuldade em colocar regras claras, em dizer 'não' sem receio.

Lembro-me há uns anos ter encontrado uma mãe que dizia que não lhe fazia sentido muita coisa. Porque razão haveria de proibir o filho de comer bolachas antes da sopa - afinal de contas não fazia mal. E também não lhe fazia confusão o filho não arrumar os brinquedos ou atirar com eles para o chão porque sabia que era uma fase. E o facto de ele só querer a mãe e menos todos os outros membros da família... era mesmo assim, era uma fase. Em contrapartida, esta mãe estava preocupada em elogiar o filho, assegurando que ele era muito amado [tinha planos para engravidar nos próximos meses e não o queria inseguro].

E eu sorri porque, possivelmente, a angústia daquela mãe era terrível.

A culpa agarra-se aos nossos ossos quando nos tornamos pais. E por isso é tão difícil educar porque não sabemos se estamos a fazer a coisa certa e sentimos-nos tantas vezes a ser injustos com eles... porque, na verdade, não faz assim tão mal quanto isso comer bolachas antes da sopa. Não é pecado, não ofende ninguém... e só lhe vai tirar a fome para o prato principal.

Não te vou dizer o que é certo ou errado fazer. Vou falar-te sobre frustração. Dizem que os miúdos têm de ser frustrados, contrariados. Que têm de aprender que não podem ter tudo. Estás a ler esta frase e estás a sentir o pequeno requinte de malvadez que existe nela?

Pois eu tenho uma opinião diferente acerca da frustração. Eu acho é que nós temos de perceber e aceitar que não vamos poder fazer todas as vontades aos nossos filhos e isso é mesmo assim. Quem vai ter de lidar da melhor forma com a frustração somos nós. Porque é muito mas mesmo muito frustrante ver um filho triste ou zangado connosco quase ao ponto da ira. Mas a vida é mesmo assim e isso faz parte da vida e do papel parental. Todos os pais têm o desejo legítimo de serem amados pelos seus filhos. E esse amor parece diminuir quando não podemos fazer tudo o que eles precisam e querem.

Mas não é porque não podemos tudo dar [seja pelo motivo que for] que devemos elogiar sem medida ou salvar sem regra. Lê este texto onde escrevo sobre o que penso sobre os elogios.

Por isso, da próxima vez que estivermos a fechar os olhos a uma coisa que nos pode parecer que é orientadora, convém pensar se estamos a ser negligentes ou permissivos ou se simplesmente não estamos a conseguir lidar com a nossa frustração que é ter, logo a seguir, uma criança zangada, triste e nós, deste lado, com o coração pequenino.

Faz parte da vida.


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